Polícia desmantela quadrilha de tráfico de mulheres transgênero

A polícia brasileira desmantelou uma quadrilha de tráfico de pessoas cujas vítimas eram mulheres transgênero. Segundo declaração das autoridades, a quadrilha oferecia arcar com os custos de cirurgias e depois forçava as mulheres a praticarem a prostituição para pagar a dívida.
Pelo menos 38 mulheres transgênero foram encontradas em prostíbulos na
cidade de Ribeirão Preto (SP), para onde haviam sido atraídas por
traficantes que prometiam pagar pela cirurgia de mudança de sexo.
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A polícia também investiga a morte de duas mulheres transgênero. Uma
delas pode ter sido assassinada por não ter pago sua dívida. A outra
faleceu em decorrência do uso de silicone industrial em uma cirurgia
plástica.
"Estamos diante de um clássico caso de escravidão moderna, em que a
corrente não é física, mas invisível", disse o promotor André Menezes.
"Estamos diante de um caso de exploração dos sonhos de outra pessoa".
Os policiais responsáveis pela operação, batizada de "Cinderela",
disseram que as vítimas foram forçadas à prostituição para pagar pela
cirurgia ilegal e pelos custos da viagem. Também foram obrigadas a usar
drogas.
As mulheres que não conseguiram pagar a dívida sofreram abuso físico e psicológico, segundo os investigadores.
A polícia prendeu cinco pessoas e está procurando outras quatro
suspeitas de envolvimento com tráfico humano, trabalho escravo,
favorecimento à prostituição e envolvimento com o crime organizado.
Outro homem, que também tem relação com o grupo, já estava preso por
suspeita de envolvimento no assassinato de duas pessoas e
desaparecimento de três mulheres transgênero, uma das quais é menor de
idade.
Segundo a polícia, a quadrilha de traficantes estava em atividade pelo menos desde 2013.
A prostituição não é crime no Brasil, mas a exploração de profissional
do sexo é considerada crime. Os transgêneros são frequentemente vítimas
de abuso, uma vez que têm dificuldade em encontrar trabalho devido ao
preconceito.
"A repulsa que as pessoas têm em relação a elas é muito grande. As
pessoas tratam como se tivessem uma doença contagiosa", disse a
promotora Cristiane Sbalqueiro à Thomson Reuters Foundation.
Sbalqueiro afirma que muitas mulheres transgênero assumiram dívidas
para financiar sua transição, o que as deixam sem outra opção senão a
prostituição.
Fiscais do trabalho dizem que ainda não entrevistaram as mulheres
transgênero para determinar o número de vítimas de escravidão moderna.
"A partir dos elementos coletados aqui hoje, vamos determinar quais
foram submetidas à escravidão por dívida e quantas foram vítimas de
trabalho forçado", disse o auditor fiscal do trabalho Magno Riga em
entrevista coletiva.
Fonte:Terra
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